O final da primeira década de vida serviu para
consolidar o Corinthians como a grande potência popular do estado. O time do
Parque São Jorge adquiriu uma importante fonte de renda, além do bom e velho
chapéu que se passava entre os sócios a cada vez que se confrontava com a
dificuldade financeira – e foram muitas.
Não fosse o passo ousado de se adquirir a Ponte Grande,
o Corinthians seguiria tendo que sustentar outras praças. Ficava na atual Ponte das Bandeiras, que antigamente
chamava-se Ponte Grande, em contraposição à Ponte Pequena, sobre o Tamanduateí,
na mesma avenida, em direção ao Centro.
E, além de tudo, o Corinthians adquiria um chão, na
beira do rio, entre outros dois clubes, o Clube de Regatas Tietê e a Associação
Atlética Paulista. A família Corintiana
passava a receber em festas, não apenas quando havia jogo ou treino.
O campo da Ponte Grande foi, durante todo esse tempo,
uma das principais praças de esporte, ao lado do Parque Antarctica onde jogava
o Palestra Itália (Segundo nome do Palmeiras, seu maior rival), e o campo do
Jardim América, no qual, passou a jogar o Paulistano após o progresso varrer o
velódromo do mapa, em 1916.
Mas
o time ainda não havia se acertado.
Os dois principais jogadores, Amílcar e Neco, estavam
empenhados em ganhar o campeonato sul americano pela Seleção Brasileira, e
sobrepujar os uruguaios e argentinos. Friedenreich foi o autor do gol na
segunda prorrogação da final contra o Uruguai, em 1919. A jogada foi de Neco,
que driblou quatro uruguaios e entregou a deusa bola, macia, para o artilheiro anotar
seu gol.
Amílcar foi o Capitão do Corinthians de 1915 a 1920.
Mas o Futebol já havia mudado O centroavante acumulava as funções de jogador,
Capitão, técnico, sócio e torcedor.
Em 1921 o Corinthians colocou Guido Giacomelli, como técnico,
criando uma função administrativa que até então não existia. Guido funcionava,
na prática, como um diretor de Futebol. E isso foi possível graças ao campo da
Ponte Grande, feito pelas mãos Corintianas.
A cidade de São Paulo crescia e já comportava muito
mais de meio milhão de habitantes no começo da segunda década de vida do clube
paulista. Imigrantes chegavam todos os dias, os clubes populares se
engrandeciam e as mudanças no Corinthians surtiam efeito.
A equipe paulista estava acabando com a hegemonia do
Paulistano – o grande time da época -, e já com uma torcida que começava a se
projetar nacionalmente. Na verdade foi o que aconteceu, quando o Corinthians
venceu a América, atual campeão carioca.
Campeão do Centenário da Independência, esse título
colocou o Corinthians na “idade adulta”. Tinha sede, tinha muita fama, era o
Campeão dos Campeões do
Centenário da
Independência, esse título colocou o Corinthians na “idade adulta”. Tinha sede,
tinha muita fama, era o Campeão dos Campeões do Centenário e se preparava para
ganhar seu segundo tricampeonato, ou primeiro tricampeonato (se esquecemos que
o ano de 1915 existiu, o que é impossível).
Se pensarmos no ano de 1915, e imaginarmos tudo o que
os Corintianos passaram para construir um sonho, temos uma dimensão razoável do
que vem a ser o Corinthianismo. O time paulista lutou para chegar à glória. Nada no
Corinthians é por acaso, nada são folhas jogadas ao vento.
Pelas origens que tem, não é por acaso que o Corinthians
é hoje um dos maiores times do mundo.
Pensar em 1915 é ter 1922 como o resultado de uma
perseverança, de uma esperança, de uma fé e de uma força que não se viu em
nenhum outro clube.
Em apenas três anos de vida, o Galo Brigador da Várzea
surge, com as próprias pernas e Futebol bem jogado, no Futebol “oficial” da
elite paulistana. Com quatro, é Campeão Invicto do Futebol “oficial”. Com seis,
seria o tricampeão. Invicto!
Com doze, de um patrimônio do tamanho do amor dos Corintianos,
o Corinthianismo desenvolveu um Clube com uma Sede. Sem depender de ninguém, pelo
contrário, indo sempre contra a corrente conservadora, que “precisava” diminuir
o Corinthians. “Per Aspera Ad Astra”, pela árdua luta o Corinthians chegou às
estrelas.
Ou sempre esteve ali, como o Cometa que passou em 1910
cortando o céu com sua luz, como uma cimitarra.
E a
História continua…
Por Filipe Martins